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Uma palavra basca - Sandra S.

A geladeira está vazia, a despensa desprovida, a barriga roncando?

Vejo essa situação como uma oportunidade de criar, inventar. A dificuldade impulsiona...como disse o poeta, crítico literário e ensaísta francês, Stéphane Mallarmé, no seu ‘Um lance de dados’: os sapatos apertados criam novos passos de dança...

Vou pra cozinha com essa inspiração. Com cenoura, cebola, aipo, alho-poró e um buquê de ervas poderia fazer um bom caldo. Afinal, a base da boa cozinha é um bom caldo. Mas só tenho um ramo de salsa, uma cebola, um nabo? Vale! E desisto do caldo, claro. Vou saltear o nabo na manteiga ou no azeite com a cebola, um punhadinho de açúcar, sal, pimenta-do-reino. A salsinha vai picada por cima. Pode acreditar, fica ótimo!  Se temos lentilha, pode sair uma sopa, uma boa sopa. A ideia é cozinhar as lentilhas em água pura. Acrescentar cebola picadinha, a roxa, tomates sem pele, em cubinhos, um fio de azeite, ervas frescas (vale tudo: salsa, coentro, manjericão, tomilho,  manjerona, cerefólio) e um toque final majestoso: piment d’espelette. 

Comi uma sopa memorável, em Nice, há muito tempo, num restaurante com muitas estrelas, que juntava feijão branco, conchinhas de massa, azeite e…piment d’espelette. Essa nota basca dava uma força revolucionária àquele prato de sopa! 

Aqui e agora, uma boa pimenta malagueta bem curtida faz lindamente o serviço. 

Permita-se a experiência, e depois compartilhe. Tipo kiss and tell…




SANDRA S. é carioca, formou-se em letras (cup-rio), com pós em literatura brasileira (puc-rio), e direito (ucam-rio). na frança, fez dois estágios profissionais de confeitaria na école lenôtre. hoje, escreve, traduz e cozinha. biblioteca.culinaria@gmail.com @setecolheres



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